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Financiamento visa projetos científicos com potencial comercial

João Taborda Barata, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, iMM é um dos quatro galardoados em Portugal com financiamento “Prova de Conceito” (Proof of Concept) do Conselho Europeu de Investigação (European Research Council, ERC), no valor de 150 000 € para apoiar o desenvolvimento de um sistema de terapia genética que identifica e provoca a morte celular em leucemias. Este financiamento visa apoiar a transferência para o mercado dos resultados de investigação financiados pelo ERC.

A leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T) é um cancro do sangue agressivo, resultante do crescimento anormal de células do sistema imunitário. Embora os resultados clínicos tenham melhorado ao longo dos anos com o uso de quimioterapia combinada, os regimes terapêuticos agressivos necessários para a eficácia do tratamento, geralmente resultam em efeitos colaterais significativos a curto e longo prazo. Para além disto, uma parte significativa dos doentes tem recidivas e na sua maioria com um prognóstico pouco animador. Torna-se, portanto, necessário desenvolver terapias mais específicas e com menos efeitos negativos.

Com base nos resultados obtidos no âmbito de um projeto financiado igualmente pelo ERC, o grupo de investigação liderado por João Barata propõe agora desenvolver um sistema de terapia genética que provoca a morte de células leucémicas. Rita Fragoso, investigadora pós-doutorada responsável por esta linha de investigação aplicada do grupo, explica: “Neste projeto, vamos usar reguladores intrínsecos das células que temos vindo a estudar para identificar e matar especificamente células doentes, neste caso de LLA-T. Para isto pretendemos desenvolver uma nova tecnologia de terapia genética que provoca a morte especifica destas células”. “É importante realçar que esta tecnologia pode ser facilmente adaptada a outras doenças (incluindo outros tipos de cancro) nas quais os doentes podem beneficiar de uma entrega direcionada de um gene que é terapêutico”, acrescenta a investigadora.

Sobre a importância deste financiamento, João Barata refere: “Este financiamento ERC Prova de Conceito permitir-nos-á desenvolver e validar a especificidade e eficiência da nossa tecnologia para atingir apenas as células doentes, poupando as células saudáveis do organismo. Isto poderá vir a ter, no futuro, um impacto significativo na qualidade do tratamento dos doentes com este tipo de leucemia, aumentando a eficácia terapêutica e reduzindo efeitos secundários. Além disso, a validação pré-clínica da nossa tecnologia para esta leucemia vai estabelecer as bases para uma futura aplicabilidade em outras doenças”.

Nesta ronda de financiamento foram financiados 166 projetos ERC Proof of Concept em toda a Europa e em várias áreas do conhecimento, num total de 348 propostas submetidas e avaliadas, o que representa uma taxa de sucesso de 48%, segundo os dados retirados do comunicado do ERC. Este quadro de financiamento está aberto apenas aos beneficiários do ERC e o financiamento é parte do novo programa de investigação e inovação da UE, o Horizonte Europa.