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Prevalência da COVID-19 em Portugal é de 13% até março de 2021

São hoje divulgados os resultados do Painel Serológico Longitudinal COVID-19 (PSL), um estudo de seguimento do Painel Serológico Nacional que decorreu em Setembro, desenvolvido pelo Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e financiado pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos e pelo Grupo Jerónimo Martins, com o objetivo de avaliar a evolução da prevalência de anticorpos específicos contra o SARS-CoV-2, o vírus que causa a COVID-19. A avaliação serológica do estudo de seguimento, que decorreu entre 1 e 17 de março de 2021, permitiu estimar em 13% a percentagem da população com anticorpos para este coronavírus, após infeção natural. A seropositividade aumenta para 17% quando são incluídos os dados de indivíduos vacinados.

Neste estudo, foi ainda analisada a persistência no tempo e o nível de anticorpos para SARS-CoV-2 dos participantes que no estudo anterior (realizado em setembro-outubro) tinham tido um resultado serológico positivo. Os dados preliminares obtidos pelo grupo de Serologia do iMM mostram que, em 94% de participantes, são detetados anticorpos e que os níveis têm valores muito semelhantes aos verificados há 6 meses atrás, demonstrando a manutenção destes importantes mediadores imunitários ao longo do tempo.

Este retrato não mostra diferenças significativas nas prevalências entre faixas etárias, resultantes de infeção natural, contrariamente ao verificado no estudo de setembro-outubro. No entanto, os dados permitem destacar o impacto das nove semanas de vacinação já decorridas à data do início do estudo. A percentagem estimada da população com anticorpos para a COVID-19 sobe para 17% ao incluir pessoas infetadas e vacinadas. A percentagem de participantes vacinados na amostra (7%) está em linha com a percentagem nacional de vacinação no início deste estudo. Os resultados preliminares da mesma equipa indicam que os níveis de anticorpos detetados nas pessoas após a vacinação é elevado e os valores registados comparam-se aos observados no pico da infeção natural por SARS-CoV-2.

Luísa Loura, diretora da Pordata explica: “A amostra deste Painel Serológico Longitudinal foi escolhida de modo a dar resposta a duas questões: qual a seropositividade atual da população portuguesa e qual a persistência no tempo dos níveis de anticorpos entre quem já os adquiriu. A amostra teve, por isso, de incluir, quer um grupo suficientemente grande de pessoas com resultado positivo no estudo inicial de setembro-outubro, pois só assim se conseguiria dar uma resposta robusta à segunda questão, quer um grupo representativo quanto às principais características sociodemográficas portuguesas, escolhido aleatoriamente de entre os que tiveram resultado negativo, para, com a amostra global se conseguir extrapolar o valor da seropositividade a toda a população.”

Bruno Silva Santos, vice-diretor do iMM e investigador principal deste estudo refere: “Os nossos resultados revelam duas realidades importantes: que as 2ª e 3ª vagas de COVID-19 multiplicaram em cerca de 6 vezes a proporção de Portugueses que foram infetados com SARS-CoV-2; mas que, mesmo com esse aumento, que incluiu os meses de janeiro-fevereiro que tiveram tanto impacto em termos de hospitalizações e mortes, os níveis atingidos ficam muito aquém do almejado para a “imunidade de grupo”, destacando a importância crítica da vacinação para tal objetivo.”

Este estudo longitudinal será continuado de forma a agregar os vários retratos da evolução da pandemia, fornecendo dados específicos sobre a evolução da seroprevalência em Portugal. De igual forma, a avaliação sobre a dinâmica dos níveis de anticorpos registados em seropositivos é um dado fundamental para compreender a extensão da imunidade detetável (com anticorpos) e assim contribuir para a compreensão da evolução da epidemia de COVID-19 no país.

A participação dos laboratórios Germano de Sousa permitiu assegurar uma vez mais a amostragem a nível nacional através da sua rede alargada de postos de colheita. A operação centralizada e organizada pelo iMM contou com a colaboração um painel de especialistas, nomeadamente estatísticos da Pordata, imunologistas e epidemiologistas do iMM e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética do Centro Académico de Lisboa (CAML).